quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O SARRAFO

Editorial

Não são poucos os artistas brasileiros que se identificam suspirosos com a idéia de Borges segundo a qual os argentinos (entenda-se: nós,latino-americanos) são europeus no exílio. Se essa mentira idealista consegue se perpetuar, disfarçando seu caráter de classe, não é porque de fato a cultura dominante nos países da América Latina tinha sido, em grande parte, forjada pelos valores de uma racionalidade burguesa mal transplantada para a colônia, mas sobretudo porque as elites locais preferem qualquer coisa (inclusive a melancolia) a assumir a tarefa de produzir uma realidade menos perversa.
A enorme ignorância dos artistas brasileiros sobre as tentativas artísticas dos países pobres do continente é um sintoma inegável dessa tradição que só respeita os atos culturais importados a alto custo ou aqueles exportáveis para os grandes centros do capitalismo. Na universidade, na imprensa, nos palcos, nos debates, o teatro dos países da América Latina é pateticamente desprezado, e com ele um enorme
potencial crítico, que foi construído por gerações que viveram e vivem condições históricas muito semelhantes à nossa.
Se, nos últimos anos, o teatro de São Paulo construiu uma etapa nova a partir do trabalho dos grupos e da politização das práticas artísticas e produtivas, ainda nos falta acordar para a história, o que não é possível sem um diálogo vivo com nosso passado.

Cartas: ________________________________________________________________

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Somos La Compañía de Teatro en Harapos, de Bogota, Colombia. Nos gustaria hacer contacto con ustedes para generar cultura en todo latinoamerica, formado una Red de Trabajadores en contra de los medios de comunicación del mundo.
La Red consite en el intercambio de experiencias artisticas, puestas en escena, que comuniquen los trastornos sociales que sufre el mundo, generando consiencia del dia a dia que nos enceguece y nos manipula hasta enmanciparnos.
Adjuntamos nuestra informacion mas precisa de nuestra experiencia y de nuestras obras con las que participariamos en esta Red. Cualquier inquietud que genere este mensaje se puede comunicar con nosotros via e-mail:
enharapos2002@yahoo.es (Vladimir Duran M, director Cia de Teatro en Harapos, Bogota)
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Longa e vibrante jornada editorial a O Sarrafo.
Será que a maldita crítica terá espaço para observar ou comentar atos e tendências do teatro? Contem
comigo. (Jefferson Del Rios, São Paulo)

* Só agora, no nº 8, tomei conhecimento do jornal e começo a me empolgar com os movimentos que acontecem
em Sampa. Vamos espalhar pelo Brasil, contem comigo aqui no Rio. (Paulo Garcia, Rio de Janeiro)
* O Sarrafo é muito bom, não só por abrir espaço na mídia ao teatro, mas também por veicular um conteúdo crítico tão necessário para mudarmos a cena em que vivemos. Este é meu último ano na faculdade de jornalismo e o escolhi como tema de meu Trabalho de Conclusão de Curso. (Fabiane
Espírito Santo, São Paulo)



SARRAFO um jornal pau-pra-toda-obra


Publicação independente produzida pelos grupos
Á gora, Arlequins, Canhoto Laboratório de Artes da Representação, Companhia Cênica Farândola Troupe, Companhia do Feijão, Companhia do Latão, Companhia Ocamorana de Pesquisas Teatrais, Companhia São Jorge de Variedades, Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, Domínio Público, Engenho, Folias, Fraternal Companhia de Artes e Malas-Artes, Grupo XIX de Teatro, Parlapatões, Movimento de Teatro de Rua, Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, Tablado de Arruar, Teatro de Narradores.

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