quarta-feira, 29 de outubro de 2008

CIA. DO MIOLO

Histórico

A Companhia do Miolo inicia sua pesquisa em Teatro Popular em 2000 com o Espetáculo "O Casamento Suspeitoso" de Ariano Suassuna. Em 2002 leva para as ruas de São Paulo, "O Burguês Fidalgo” de Moliére com direção de Bete Dorgam, realizando mais de 120 apresentações na temporada. Em 2003, dando continuidade ao repertório do autor francês, a Companhia amplia seu trabalho e realiza a montagem “O Doente Imaginário”. Este Espetáculo dá inicio a uma nova trajetória de pesquisa, pois a partir dessa montagem, a Diretora Cuca Bolaffi integra permanentemente o repertório da Companhia, contribuindo com sua experiência e aprofundando o estudo da linguagem corporal para a rua. "O Doente Imaginário" chega em Outrubro/2004 ao público paulista, realizando temporada nos CEUS, SESCs e Festivais.
Em 2005, a Companhia inicia uma pesquisa sobre brincadeiras e canções infantis das décadas de 20, 30 e 40 com a Antropóloga Daisy Perelmutter, resultando dessa experiência a montagem do Espetáculo Infantil “É de Cantar e de Brincar”. O trabalho estréia em Out/2005 e agrada a crianças e adultos, que relembram suas brincadeiras da infância e reconhecem ali um apurado repertório de poemas e canções. Desde sua estréia O Espetáculo já realizou mais de 50 apresentações em sua temporada, sempre com grande sucesso de público. Este trabalho estimulou ainda a companhia a reencontrar a memória da cidade, mote de seu próximo Espetáculo, que tem estréia prevista para o segundo semestre de 2006, Projeto contemplado pela Lei de Fomento ao Teatro na cidade de São Paulo, que recria as ruas da velha cidade. A Companhia do Miolo é hoje referência em pesquisa teatral de Rua, tendo no trabalho do ator e na sua relação com o público, sua principal fonte de pesquisa e excelência artística.

CIA. DO FEIJÃO

Histórico

A criação em equipe, encabeçada pela dupla de diretores Pedro Pires e Zernesto Pessoa, investe em pesquisa de campo e documentos históricos. Temas e personagens içados da literatura brasileira ajudam a interpelar criticamente o passado e o presente, enquanto interpretação e dramaturgia adotam como referência os recursos do ator-narrador.

O grupo nasce por ocasião das comemorações do centenário de nascimento de Bertolt Brecht, em 1998 e estréia em Piracicaba, São Paulo, com a peça O Julgamento do Filhote do Elefante. Com uma trajetória pautada pela inclusão cultural em todos os níveis; espetáculos são levados a públicos e lugares os mais diversos.

O segundo espetáculo, Movido a Feijão, também de 1998, estréia nas ruas de Cordisburgo, a cidade natal do escritor João Guimarães Rosa, no interior de Minas Gerais, indício da impregnação pela literatura.

A montagem seguinte, O Ó da Viagem, 1999, toma como inspiração O Turista Aprendiz, livro que reúne os diários de viagem de Mário de Andrade pelo Norte e Nordeste brasileiros. A dramaturgia inclui experiência da própria turnê da companhia pelo Sertão do Cariri, na Paraíba e Pernambuco. Os intérpretes são viajantes-narradores paulistas que observam com olhos de "estrangeiros" o universo sertanejo.

Para a crítica Mariangela Alves de Lima, a companhia apresenta "uma caderneta de campo em forma de espetáculo" ao reaproximar regiões do país. "Na sua austeridade melódica e rítmica, as músicas do espetáculo nos lembram que há uma outra possibilidade estética, a do rigor construtivo e da economia", afirma.

É comum aos atores o desdobramento em múltiplas personagens. Os projetos põem em relevo as linguagens do canto e do teatro populares, e alternam entre o trágico e o cômico. Além de firmar tais passos, Mire Veja, 2003, instaura a vida urbana no repertório. A montagem que transpõe para a cena histórias do contista Luiz Ruffato é contemplada pelos Prêmios Shell e Associação Paulista dos Críticos de Artes - APCA, consolidando o nome da companhia.

A linguagem teatral é ampliada com a experiência de rua Reis de Fumaça, 2004, que funde danças dramáticas, poesia e músicas populares para tratar da escravidão no Brasil. Extrai do cotidiano dos brincantes um abismo entre a dura realidade da sobrevivência e a alegria contrastante do jogo.

Contra-sensos sociais na formação do país surgem de modo mais veemente em Nonada, 2006, quando a companhia inaugura sua sede ao lado do Teatro de Arena, no centro de São Paulo. Entrelaça personagens de Mário de Andrade - espécie de bússola da companhia -, Machado de Assis, Clarice Lispector e outros. O desejo é pôr em xeque o processo conservador de modernização do país.

Sobre Nonada, o crítico Kil Abreu comenta: "Nessa arqueologia de sujeitos incertos - uma velha que perambula, morando de favor de casa em casa; uma dondoca surpreendida por um mendigo -, o espetáculo vai aos poucos puxar os fios de seu tema subliminar: o de um lugar sem nenhuma saída, onde se representa a repetição ad infinitum das experiências histórias. (...) Um olhar necessário para perceber as imagens de uma memória do luto, por um país que só se reconhece no erro. Quando muito na renovação das mesmas falhas, travestidas de esperança oca, sem projeto de mudança verdadeira".

CIA. DO LATÃO

PESQUISA EM TEATRO DIALÉTICO

A Companhia do Latão é um grupo teatral de São Paulo que desenvolve desde julho de 1997 uma pesquisa artística voltado para a reflexão crítica sobre a sociedade atual. Esse trabalho inclui a encenação de espetáculos, a edição da revista Vintém bem como uma série de experimentos cênicos, musicais e teorizantes.

A origem do grupo está ligada à ocupação do Teatro de Arena Eugênio Kusnet da Funarte em São Paulo, entre 1997 e 1998, quando se consolida seu estudo da obra de Bertolt Brecht como um modelo para o teatro épico-dialético no Brasil. Desde então, o grupo produz dramaturgia própria, interessada na realidade histórica do país bem como na crítica política das formas estéticas de representação. Suas montagens são "peças-processo" sobre movimentos contraditórios de uma sociedade imersa nas determinações do capitalismo mundial.

Foto: Lenise Pinheiro O caráter processual faz com que cada espetáculo da Companhia do Latão não se insira no sistema produtivo como um "produto acabado", mas antes como matéria formativa, em constante transformação, aberta à interferência crítica do público. Os espetáculos da Companhia do Latão procuram evidenciar sua construção por um jogo teatral claro, com regras expostas. Trabalham com a relação direta entre atores e público, de uma forma anti-ilusionista, desprovida de maiores efeitos cenográficos. O espaço da ficção depende da colaboração imaginária do espectador, é construído como experiência compartilhada.

Os primeiros trabalhos do coletivo teatral Companhia do Latão foram adaptações de obras de Brecht. O conjunto de textos teóricos de A Compra do Latão deu origem ao espetáculo Ensaio sobre o Latão (1997). E o texto Santa Joana dos Matadouros recebeu uma encenação livre, em parte itinerante pelo espaço teatral. Foram projetos que deram seqüência a uma pesquisa iniciada em 1996 com a montagem de A Morte de Danton de Büchner, na livre versão intitulada Ensaio para Danton, que, dirigida por Sérgio de Carvalho, aproximou alguns dos artistas que formariam o grupo no ano seguinte.

O primeiro trabalho inteiramente autoral, feito com base no método de dramaturgia coletiva da Companhia do Latão, foi O Nome do Sujeito, texto de 1998, com versão final dos diretores e dramaturgos Sérgio de Carvalho e Márcio Marciano, e publicado no ano seguinte. Esse trabalho, feito a partir de improvisações, abriu caminho para a produção de uma escrita épico-dialético contemporânea, do ponto de vista de uma crítica aos modos de operação violentos do capitalismo na periferia da globalização econômica. Essa coletivização da escrita assumiu caminhos muito radicais no espetáculo seguinte, A Comédia do Trabalho, que estreou no ano 2000. Na medida em que procura trabalhar suas construções teatrais na perspectiva da crítica à mercantilização da cultura e da transformação da sociedade, a Companhia do Latão atraiu o interesse de diversos grupos politizados do país e passou a realizar, desde 1999, intercâmbios com platéias ligadas a movimentos sociais organizados, como o MST, sindicatos, frentes estudantis, além de dialogar com cientistas políticos ligados à universidade. Entre 2001 e 2003 o grupo ocupou o Teatro Cacilda Becker, no Bairro da Lapa, em São Paulo, onde produziu mais espetáculos baseados em textos próprios, como Auto dos Bons Tratos e O Mercado do Gozo. Em 2004 apresenta Equívocos Colecionados, a partir da obra de Heiner Muller e Visões Siamesas, criação original épica inspirada vagamente num conto do escritor Machado de Assis. Em 2006, a Companhia, juntamente com artistas convidados, provenientes de vários grupos de pesquisa, encena O Círculo de Giz Caucasiano, de Bertolt Brecht. O trabalho da Companhia do Latão é uma mostra viva da possibilidade de utilização contemporânea do pensamento de Marx e Engels como ferramenta estética.

O SARRAFO

Editorial

Não são poucos os artistas brasileiros que se identificam suspirosos com a idéia de Borges segundo a qual os argentinos (entenda-se: nós,latino-americanos) são europeus no exílio. Se essa mentira idealista consegue se perpetuar, disfarçando seu caráter de classe, não é porque de fato a cultura dominante nos países da América Latina tinha sido, em grande parte, forjada pelos valores de uma racionalidade burguesa mal transplantada para a colônia, mas sobretudo porque as elites locais preferem qualquer coisa (inclusive a melancolia) a assumir a tarefa de produzir uma realidade menos perversa.
A enorme ignorância dos artistas brasileiros sobre as tentativas artísticas dos países pobres do continente é um sintoma inegável dessa tradição que só respeita os atos culturais importados a alto custo ou aqueles exportáveis para os grandes centros do capitalismo. Na universidade, na imprensa, nos palcos, nos debates, o teatro dos países da América Latina é pateticamente desprezado, e com ele um enorme
potencial crítico, que foi construído por gerações que viveram e vivem condições históricas muito semelhantes à nossa.
Se, nos últimos anos, o teatro de São Paulo construiu uma etapa nova a partir do trabalho dos grupos e da politização das práticas artísticas e produtivas, ainda nos falta acordar para a história, o que não é possível sem um diálogo vivo com nosso passado.

Cartas: ________________________________________________________________

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Somos La Compañía de Teatro en Harapos, de Bogota, Colombia. Nos gustaria hacer contacto con ustedes para generar cultura en todo latinoamerica, formado una Red de Trabajadores en contra de los medios de comunicación del mundo.
La Red consite en el intercambio de experiencias artisticas, puestas en escena, que comuniquen los trastornos sociales que sufre el mundo, generando consiencia del dia a dia que nos enceguece y nos manipula hasta enmanciparnos.
Adjuntamos nuestra informacion mas precisa de nuestra experiencia y de nuestras obras con las que participariamos en esta Red. Cualquier inquietud que genere este mensaje se puede comunicar con nosotros via e-mail:
enharapos2002@yahoo.es (Vladimir Duran M, director Cia de Teatro en Harapos, Bogota)
*
Longa e vibrante jornada editorial a O Sarrafo.
Será que a maldita crítica terá espaço para observar ou comentar atos e tendências do teatro? Contem
comigo. (Jefferson Del Rios, São Paulo)

* Só agora, no nº 8, tomei conhecimento do jornal e começo a me empolgar com os movimentos que acontecem
em Sampa. Vamos espalhar pelo Brasil, contem comigo aqui no Rio. (Paulo Garcia, Rio de Janeiro)
* O Sarrafo é muito bom, não só por abrir espaço na mídia ao teatro, mas também por veicular um conteúdo crítico tão necessário para mudarmos a cena em que vivemos. Este é meu último ano na faculdade de jornalismo e o escolhi como tema de meu Trabalho de Conclusão de Curso. (Fabiane
Espírito Santo, São Paulo)



SARRAFO um jornal pau-pra-toda-obra


Publicação independente produzida pelos grupos
Á gora, Arlequins, Canhoto Laboratório de Artes da Representação, Companhia Cênica Farândola Troupe, Companhia do Feijão, Companhia do Latão, Companhia Ocamorana de Pesquisas Teatrais, Companhia São Jorge de Variedades, Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, Domínio Público, Engenho, Folias, Fraternal Companhia de Artes e Malas-Artes, Grupo XIX de Teatro, Parlapatões, Movimento de Teatro de Rua, Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, Tablado de Arruar, Teatro de Narradores.

CIA. ARTEHUMUS

A Companhia

Desde a sua formação no ABC paulista, a companhia desenvolve pesquisa que prioriza, sobretudo, a experimentação dramatúrgica. Assim, grande parte das montagens da companhia foi realizada com dramaturgia própria, assinada por Evill Rebouças: Explode seiva bruta (1987), No reino de Carícias (1990), Pingo pingado, papel pintado (1992), Dandara, o marinheiro (1995) e ainda as adaptações das peças de Qorpo Santo que resultaram nos espetáculos Um Qorpo Santo... mas nem tanto (1996) e As relações do Qorpo (2005).

Em 2000, alguns dos integrantes da companhia freqüentaram aulas na ELT – Escola Livre de Teatro de Santo André. Desse contato com Antonio Araújo e Luis Alberto de Abreu, passaram a investigar proposições dramatúrgicas que dialogassem com a carga histórica de determinados espaços públicos. Surgiu Evangelho para lei-gos – espetáculo apresentado em 2004 no banheiro público do Viaduto do Chá e vencedor do Prêmio VAI de Iniciativas Culturais da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Em 2005 a companhia é convidada a encenar parte da obra de Qorpo Santo na lanchonete e no elevador do Sesc Consolação por meio do Projeto Sesc Latinidades – Reflexos de Cena em Qorpo Santo. Nesse mesmo ano, foi selecionada para apresentar o espetáculo Campo de Trigo dentro da capela Nossa Senhora de Lourdes no Festival Internacional do Porto (Portugal).

Ainda em 2005, a companhia apresentou parte do seu repertório no Teatro Eugênio Kusnet por meio do Projeto de Ocupação do Arena 3 x 1: Um por (Todos)² por Hum!!!

Em 2006 elaborou o projeto Ateliê Compartilhado e recebe subsídios da Lei de Fomento para a montagem e pesquisa de Amada, mais conhecida como mulher e também chamada de Maria.

VAI

O Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais - VAI, foi criado pela lei 13.540/2003 (de autoria do vereador Nabil Bonduki) e regulamentado pelo decreto 43.823/2003, com a finalidade de apoiar financeiramente, por meio de subsídio, atividades artístico-culturais, principalmente de jovens de baixa renda e de regiões do Município desprovidas de recursos e equipamentos culturais.
O Programa VAI tem por objetivos:
1. Estimular a criação, o acesso, a formação e a participação do pequeno produtor e criador no desenvolvimento cultural da cidade;
2. Promover a inclusão cultural;
3. Estimular dinâmicas culturais locais e a criação artística
nguagens
Uma das características do Programa é a diversidade de linguagens que abarca. Importante dizer que são raros os projetos em que há linguagens únicas, predominando a mescla de linguagens e intervenções. Há montagem, produção e apresentação de espetáculos e performances nas áreas de teatro, dança e música; há exibição e produção de vídeos e gravação de cds; oficinas ligadas às diversas linguagens artísticas, eventos culturais com manifestações de rua e em espaços fechados; há festivais, cultura indígena, cultura popular, capoeira, rádio, hip hop, produção e publicação de jornais, revistas e livros, saraus, contadores de histórias, biblioteca, videoteca, memória, formação de produtores culturais, cultura digital, desenho, entre outros.
Funcionamento do Programa e Papel da Equipe da Secretaria de Cultura
A seleção dos projetos é anual e inicia-se com a abertura do edital, seguida da entrega de projetos por parte dos interessados (na sede da Secretaria e em mais dez pontos de fácil acesso na cidade). Findo o prazo para entrega de projetos, que costuma ser no mês de janeiro, a Comissão de Avaliação e Propostas os analisa, atentando à atividade proposta, idade e perfil dos proponentes e o local de realização, pois há prioridade para jovens de baixa renda (entre 18 e 29 anos), não profissionais, bem como para as regiões do Município que são desprovidas de recursos e equipamentos culturais. A Comissão é composta por representantes do governo e da sociedade civil, indicados pelo Conselho Municipal de Cultura (hoje indicados pelo Secretário, dentre as entidades cadastradas pelo Conselho).
A equipe do Programa elabora o edital em conjunto com a Comissão de Avaliação, recebe inscrições, faz levantamento do perfil dos inscritos e assessora a Comissão em suas decisões. Após a seleção e a divulgação dos resultados, fica encarregada de efetivar as contratações e acompanhar o caminho trilhado por cada projeto, bem como supervisionar as despesas.
Os recursos são liberados em até três parcelas, sendo a primeira adiantada e as demais condicionadas a aprovação das prestações de contas, que incluem relatórios, demonstrativos de despesas, extratos bancários, notas fiscais e recibos. Por ocasião do recebimento da primeira parcela os grupos recebem um manual de orientações para prestação de contas e um treinamento quanto aos procedimentos.
Há reuniões mensais com a Comissão de Avaliação, que seleciona as propostas a serem subsidiadas e discute com a equipe do Programa sobre o seu desenvolvimento, além de aprovar as prestações de contas para liberação de recursos ou conclusão dos projetos.
A formação dos participantes na gestão dos projetos e dos recursos é considerada de grande importância para o VAI. Por essa razão, a equipe dá assessoria aos grupos desde a divulgação dos resultados, orientando-os quanto a eventuais necessidades de revisão do projeto e de composição de orçamento. Acompanha o seu desenvolvimento, identifica dificuldades e busca junto aos responsáveis as formas de superação. As orientações ocorrem na forma de reuniões gerais, atendimentos individuais e de grupo, visitas e articulação de intercâmbio de experiências.

CIA. DE TEATRO FABRICA SÃO PAULO

Histórico


A Cia. de Teatro Fábrica São Paulo trabalha, atualmente, fora da sede construída pelo grupo em 2004, o antigo espaço chamado Teatro Fábrica, na Rua da Consolação. Conheça essa história.


O grupo Fábrica São Paulo surge em 1983, com uma dramaturgia focada na percepção de como o espaço repercute no espectador, na representação, nas relações humanas. Nosso projeto objetivava ocupar fábricas existentes na zona leste de São Paulo. Esse desejo deu nome ao grupo, e o ator foi retirado do palco para ocupar construções arquitetônicas. Líamos Artaud, Rimbaud, Malarmé e muito Baudelaire. Adaptações de obras surgiam da noite para o dia, algumas avançavam até a escaleta como Estadia no Inferno, de Rimbaud, e Balada da Louca, de Cruz e Souza. Outras tiveram a dramaturgia concluída, projetos finalizados, mas não estrearam, como ocorreu com Os Cantos de Maldoror, de Lautréamont, criado para ocupar o Tendal da Lapa em 1992.

Estudo para Os Cantos de Maldoror, no Tendal da Lapa


Em Preto e Branco, 1986, espetáculo criado a partir de poemas de Tuponi Costa, amigo que não pertencia ao grupo, não por nossa vontade, mas porque se recusava a fazer parte de qualquer coisa.

Em Preto e Branco foi uma das adaptações que saíram da escaleta e estrearam. O espetáculo foi idealizado para ocupar o Teatro Martins Pena e utilizou como área cênica as áreas de serviço, camarins, escadas, foyer, palco e platéia. As cenas movimentavam o público pelo espaço físico do prédio; após circular as áreas externas, este pisava nas coxias, entrava no palco, descia para a platéia e, sentado, assistia à última cena do espetáculo realizada no palco. Nessa época, o Teatro Martins Pena era espaço de reuniões e palco da programação do Movimento Cultural da Penha.

Por seis anos, de 1986 a 1992, mantivemos um espaço de trabalho no segundo andar de um antigo cinema no bairro da Penha - antigo Cine São Geraldo - e nele realizamos nossos espetáculos e experiências. As três salas amplas e a sacada do segundo andar eram, para nós, o local onde tudo era possível.

Dentre os espetáculos desse período, Paula, baseado em textos de Antonin Artaud, com direção de Roberto Rosa, talvez tenha sido o mais significativo.
As salas, corredores, banheiros e escadas do nosso espaço/sede, reconstruíam a atmosfera vivida por Antonin Artaud no Asilo de Rodez.

Em 1990, sem recursos financeiros para continuar na linha de pesquisa inicial e, ao mesmo tempo, manter o estúdio, suspendemos temporariamente os projetos que propunham a criação de espetáculos em espaços não-convencionais para popularizarmos o trabalho e dar início à produção de um Circuito Popular de Teatro, com espetáculos em formato de arena.
Em março desse ano, abrimos o circuito com O Arquiteto e o Imperador da Assíria, de Fernando Arrabal, com direção de Roberto Rosa, com Sérgio Audi e Kátia Cipris no elenco. A peça foi seguida de duas outras versões: em 1991, com direção de Antônio Januzelli (Janô), e em 1993, com direção de Marcos Antunes Estival.

Macbeth, de William Shakespeare, com tradução e direção de Duda Miranda, e Em Alto Mar, de Slawomir Mrozec, com direção de Roberto Rosa e tradução de Roberto Lage, também foram espetáculos criados para o circuito que chegou a atingir 200 apresentações por ano. Nossos novos espaços de apresentação, nem tão não-convencionais, eram escolas, sindicatos, locais históricos e cidades brasileiras desprovidas de salas de espetáculos.


Os oito anos de atividades no Circuito Popular nos profissionalizaram e, em outubro de 1998, objetivando a inserção no circuito teatral de São Paulo, estreamos A Falecida, com direção de Robert McCrea, no Festival de Cantebury, Inglaterra. Em janeiro do ano seguinte, partimos para a nossa estréia paulistana em nossa primeira temporada no Centro Cultural São Paulo.


A parceria com Robert McCrea rendeu a produção de mais um espetáculo. Retomando a tradução feita por Duda Miranda para a montagem de arena de 1992, realizamos um processo de pedagogia teatral patrocinado pelo Projeto Residência Teatral da Secretaria de Estado da Cultura e estreamos novamente Macbeth, dessa vez numa montagem de palco. Participaram desse processo Dani Hu, Hélio Cícero, Madalena Bernardes, Diogo Granato e mais 30 atores estagiários.

Em 2002, a Companhia de Teatro Fábrica São Paulo é contemplada pela primeira vez pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo e, com a parceria de mais 29 empresas, recupera e incorpora ao patrimônio cultural brasileiro o edifício onde funcionou a Indústria e Comércio de Rádios INVICTUS, primeira indústria brasileira de rádios. Neste antigo galpão industrial, localizado na Rua da Consolação, inauguramos, em fevereiro de 2004, o Teatro Fábrica São Paulo. Lá produzimos nosso último espetáculo como coletivo de trabalho, Pequenos Burgueses, de Máximo Gorki, com direção de Roberto Rosa.

Com o advento do segundo Fomento recebido por nós em janeiro de 2005, a Companhia se dividiu em dois núcleos de pesquisa: os núcleos 1 e 2 do Teatro Fábrica. Duas linhas de pesquisa autônomas com focos de ação diferentes, mas que estão inseridas em dois momentos da trajetória de nosso grupo.
A primeira retomou a pesquisa que deu origem à companhia numa linha investigativa de constituição do ator a partir do pensamento de C.G.Jung e Gaston Bachelard, denominada “O espaço na construção da cena”; a segunda, coordenada por Sérgio Audi e Luiz Casado, deu seguimento aos espetáculos de arena construídos a partir do entendimento do pensamento de Karl Marx e do teatro de Bertolt Brecht. As pesquisas dos dois núcleos tiveram a continuidade assegurada com o recebimento do terceiro Fomento, em janeiro de 2006.

ESVAZIANDO A SEDE – A saída da Cia. Fábrica São Paulo do espaço na Rua da Consolação.

O amadurecimento, ocorrido paralelamente, dos núcleos artísticos do Teatro Fábrica levou, no entanto, à ruptura de uma proposta coletiva inicial e à divergência de opiniões quanto ao modo de gerir um espaço compartilhado: percebemos, então, que os ideais que nos levaram a construir aquele espaço de pesquisa deixaram de existir. Tomamos, assim, a decisão de nos retirar do teatro. Hoje, atuamos de forma independente e totalmente desvinculada dos projetos oriundos do antigo Teatro Fábrica.

CIA. OS SATYROS

Os Satyros

Fundada em 1989 em São Paulo por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, Os Satyros iniciaram a pesquisa de um teatro essencialmente experimental. Em 1990, a partir da montagem “Sades ou Noites com os Professores Imorais”, da obra homônima do Marquês de Sade, que estreou no Teatro Guaíra, em Curitiba, a companhia provocou polêmica e dividiu a crítica especializada. Os Satyros tiveram muita dificuldade em localizar um espaço para a apresentação do espetáculo na cidade de São Paulo. Foi então que a companhia assumiu a administração de um pequeno teatro abandonado no tradicional bairro paulistano da Bela Vista, chamado Teatro Bela Vista. Além de conseguirem apresentar o espetáculo, iniciaram um período de forte intervenção cultural que se prolongaria até a transferência da companhia para a Europa. Com a estréia do espetáculo, a imprensa e os críticos elogiavam a coragem do grupo; por outro lado, criticavam a crueza com que a companhia tratava a obra de Sade. O saldo: um ano em cartaz, seis indicações ao Prêmio APETESP de Teatro, incluindo as categorias de Melhor Espetáculo, Direção e Ator Protagonista, e a aquisição do Teatro Bela Vista.

Neste período à frente do Teatro Bela Vista, Os Satyros realizaram as mais diversas iniciativas culturais. Em maio de 91, a companhia estreava “A Proposta”, espetáculo inspirado na obra de Tchecov e que fazia uma crítica bem humorada às tendências do teatro brasileiro naquele momento. Ainda nesse ano, a companhia organizou o evento “Folias Teatrais”, em que o Teatro Bela Vista ficou aberto ininterruptamente durante 4 dias e 4 noites, em homenagem à primavera e pontuando a resistência da cultura naquele difícil período. Durante esse evento, a companhia recebeu artistas de diversos lugares do país, das áreas de artes plásticas, teatro, dança, música, jornalismo e literatura; entre os quais, destacam-se José Roberto Aguilar, Antônio Fagundes, Débora Bloch, Diogo Vilela, Sílvia Poppovic, Carmelinda Guimarães, Celso Nunes e Moacir Góes (na primeira vez em que vinha a São Paulo para uma palestra sobre o seu trabalho).

Mesmo instalada em São Paulo, a companhia mantinha o seu contato estreito com a produção cultural paranaense, o que culminaria com a organização da “1ª Mostra de Arte Paranaense em São Paulo”. Com o apoio do Teatro Guaíra, mais de 50 artistas se apresentaram no Teatro Bela Vista durante quinze dias ininterruptos de atividades.

Com “Saló, Salomé”, também de 91, Os Satyros marcaram presença e começaram a definir uma linha própria de pesquisa. Por oito meses o Teatro Bela Vista teve lotação esgotada e o espetáculo foi convidado, no ano seguinte, para representar o Brasil em dois importantes festivais de teatro europeus: o FITEI, do Porto, em Portugal, e o Festival Castillo de Niebla, em Moaña, Espanha, durante a EXPO de Sevilha.

Foi assim que nasceu a sede portuguesa do grupo. Instalados em Lisboa, Os Satyros produziram vários espetáculos e viajaram por importantes teatros na Europa: de Londres a Kiev. Em 93 participaram do Festival de Edimburgo, na Escócia, e do Festival de Avignon, na França. No Edinburgh Festival, a montagem da companhia foi considerada pela crítica a sensação do festival. Em Londres, Os Satyros se apresentaram no respeitado centro de teatro experimental Battersea Arts Centre. No mesmo ano de 93, apresentaram-se em Kiev. Foi a primeira companhia ocidental a se apresentar na Ucrânia desde a queda do muro de Berlim.

Em 94, implantaram em Lisboa o Curso Livre de Interpretação para Teatro, referência na formação de jovens atores em Portugal, pelo qual passaram mais de mil alunos. Neste período, Os Satyros produziram espetáculos de forte impacto como “Sappho de Lesbos” e “Valsa nº 6” (a primeira produção portuguesa do texto de Nelson Rodrigues). Neste momento também a companhia recebeu o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian, em atitude inédita com relação as companhias estrangeiras residentes em Portugal, para a montagem do espetáculo “Maldoror”.

A partir de 94, a companhia começa a trabalhar novamente em Curitiba, desenvolvendo os projetos “De Profundis” e “Quando Você Disse Que Me Amava”.

Em 96, Os Satyros trabalharam intensamente entre Brasil e Portugal. Curitiba abrigou a primeira produção brasileira da companhia com apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, “Prometeu Agrilhoado”, inspirado no texto de Ésquilo e que utilizava os recursos multimídia que vem sendo pesquisados pela companhia – este espetáculo foi a primeira parte da “Trilogia Grécia Virtual”, completados por “Electra” (97) e “Medea” (98). Em Lisboa, realizou “Woyzeck”, de Büchner, apresentado em uma das principais salas de espetáculos do país, o Teatro da Trindade, e “Hamlet-Machine”, de Heiner Müller, no Museu da Cidade de Lisboa.

Em 97, a Companhia estreou o espetáculo “Electra”, dentro da Trilogia Grécia Virtual, e “Killer Disney”, de Phillip Ridley, ambas as montagens apresentadas no Teatro Guaíra, em Curitiba. Em Lisboa, realizou o espetáculo “Divinas Palavras” de Ramón del Valle-Inclán, no Museu da Eletricidade de Lisboa. Também estreou o programa radiofônico “Os Cantos de Portugal”, na Rádio Educativa de Curitiba e participou do evento Instant Acts Against Violence and Racism, com artistas de 15 países diferentes e patrocínio da Comunidade Européia, na Alemanha.

No ano de 98 a companhia produziu “Urfaust”, estreado na mostra oficial do Festival de Teatro de Curitiba, baseado no texto original de Goethe. Ainda neste ano a companhia realizou as montagens de “Maldoror” – cuja trilha sonora foi especialmente composta pelo músico inglês Steven Severin, fundador da banda Siouxsie and the Banshees e um dos mais respeitados músicos pop da Inglaterra – e “Medea”, a partir do mito grego. O programa “Os Cantos de Portugal” manteve-se como uma das grandes audiências da Rádio Educativa, permanecendo no ar até os dias atuais.

Os Satyros iniciam 99 com grande vigor: “Medea” é apresentada no Teatro Glória, no Rio de Janeiro; e “Os Cantos de Maldoror” participa da mostra paralela do Festival de Teatro de Curitiba, além de cumprir temporada em São Paulo no espaço da FUNARTE. Ainda em Curitiba produzem “A Farsa de Inês Pereira”, de Gil Vicente; “Coriolano”, de Shakespeare; e “A Mais Forte”, de Strindberg e Schiller. Pelo terceiro ano consecutivo a companhia atua no projeto Instant Acts Against Violence and Racism, desta vez percorrendo mais de seis países europeus.

O ano 2000 veio com força para a companhia que estreou no Festival de Teatro de Curitiba o espetáculo “A Dança da Morte”, de Strindberg. Em Agosto Os Satyros estrearam “Retábulo da Avareza, Luxúria e Morte”, de Ramón del Valle-Inclán. Naquele momento a companhia preparava a inauguração de sua sede em São Paulo, enquanto assumia a direção artística do projeto Instant Acts Against Violence and Racism, patrocinado pela instituição alemã Interkunst, com fundos da Comunidade Européia. Durante este ano Os Satyros excursionam pela Europa com o espetáculo “50 Years Difference”, com texto a partir de depoimentos de sobreviventes da II Guerra Mundial, em uma produção da Interkunst.

A inauguração do Espaço dos Satyros em São Paulo foi em dezembro de 2000, com o espetáculo “Retábulo da Avareza, Luxúria e Morte”. O ano de 2001 iniciou com a montagem de “Quinhentas Vozes”, de Zeca Corrêa Leite. Em agosto, Os Satyros estrearam em Curitiba “Sappho de Lesbos” e “Romeu e Julieta”, que foram apresentados, no final do ano, em São Paulo.

Em 2002, a companhia debuta no cinema, realizando o longa-metragem “Último Sinal”, em fase de finalização, e traz à cena paulistana “De Profundis”, com texto de Ivam Cabral e direção de Rodolfo García Vázquez, baseado na obra que Oscar Wilde escreveu no cárcere e “Kaspar” à cena curitibana. Simultaneamente, o espetáculo “Quinhentas Vozes” é apresentado no interior de São Paulo, dentro do projeto “Jovem Protagonista”, da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.

Ainda em 2002, a companhia foi contemplada com o Programa de Fomento ao Teatro, da Secretaria Municipal de São Paulo, através de um subsídio para as atividades de sua sede paulistana; e organizou o evento “Satyrianas, uma Saudação à Primavera”, em comemoração ao 13o. aniversário de sua fundação. Nesta ocasião, atuaram com o grupo, em uma série de debates e workshops, nomes importantes da cultura brasileira, como: Antonio Fagundes, Fernando Peixoto, Clara Carvalho, Georgette Fadel, Claudia Schapira, Silvana Garcia, Sebastião Millaré, Marta Góes, Maria Adelaide Amaral, entre outros.

Em 2003 Os Satyros estrearam “Antígona”, de Sófocles - indicado ao Prêmio Shell de Teatro em duas categorias: melhor direção (Rodolfo García Vázquez) e melhor atriz (Dulce Muniz) - e “A Filosofia na Alcova”, a partir do Marques de Sade, que teve sua estréia no Festival de Teatro de Curitiba.

Recentemente a companhia recebeu o 4º. Prêmio “Cidadania em Respeito à Diversidade”, conferido pela Associação do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo, pela produção do espetáculo “De Profundis”. Em Curitiba, Os Satyros foram contemplados com o prêmio Ocupação do Novo Rebouças, destinado a companhias artísticas que dinamizassem o bairro do Novo Rebouças e estrearam “Faz de conta que tem Sol lá Fora”, de Ivam Cabral, com direção de Rodolfo García Vázquez, que permaneceu em cartaz nos últimos meses de 2003.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

TEXTO DO NEI PIACENTINI

27/10/2008 - 16:46 Correio Braziliense publica manifestação da COOPT Correio Braziliense publica manifestação da COOPT em favor de uma gestão Democrática na Funarte.
O jornal Correio Braziliense publicou na segunda-feira, 27/10 (página 19, Opinião), a manifestação da Cooperativa Paulista de Teatro em favor de uma gestão democrática na Funarte. O texto Radicalizar a democracia na Funarte recebeu, no periódico, o título de A Funarte do futuro. Leia o artigo:O recente pedido de demissão do Presidente da Funarte, Celso Frateschi, é fato preocupante. Para além das acusações de autoritarismo no comando do órgão – que não batem com a biografia do gestor – está em pauta um ponto de vista e um projeto de gerenciamento da política cultural, que, ao que parece, saiu arranhado, e com aval do Ministro da Cultura.Está a favor do ex-presidente uma história de gestões, em São Paulo e, antes, em Santo André, que provavelmente o credenciaram ao cargo. Foram gestões marcadas pela criação e incentivo a programas importantes para as cidades, e que têm desdobramentos na vida de artistas e cidadãos ainda hoje. Tanto a experiência de Santo André quanto a de São Paulo foram pautadas por um acento forte na descentralização das ações culturais, pela preocupação marcada com a inclusão no processo cultural de faixas antes alijadas dele e pela criação de canais de discussão a respeito da ação pública.É indicativa também de uma visão democrática sobre o processo cultural o amparo irrestrito à Lei de Fomento ao teatro, vinda diretamente do pensamento e do esforço dos artistas, e que na gestão de Frateschi, em que pese os entraves burocráticos e o problema dos recursos, vicejou, ganhou força e se instituiu como paradigma alternativo ao modo de incentivo dominante. Nestes mesmos anos, a Secretaria de Cultura de São Paulo fez funcionar, não sem o conflito inerente à prática da discussão aberta e radicalmente democrática, o Conselho Municipal de Cultura – um espaço de discussão e acompanhamento das ações do órgão que seria evitado pela maioria dos gestores, pelo fato de funcionar antes de tudo como um gerador de demandas, mas que na gestão de Frateschi se fortaleceu e foi instrumento importante para o desenho da política pública.Paradoxalmente ao que se poderia esperar, na prática parece que foram estas características, de um projeto político e cultural diferente do que a Funarte vinha praticando até então, que motivaram a queda do então presidente. Com a saída de Frateschi permanecem, então, as tarefas de sempre, que a Funarte, como órgão de cujas ações deve se esperar um alcance nacional, não tem cumprido.Trata-se de um órgão umbilicalmente ligado ao Rio de Janeiro e aos seus agentes culturais, que não encontra identidade como órgão dentro do Ministério e que apenas simula um olhar, quase sempre pobre em interesse e sem propósitos a oferecer ao país como um todo. Trata-se de um órgão que não consegue institucionalizar com firmeza e autonomia seus próprios programas na forma de uma política de Estado verdadeira, e que permanece em dependência crônica de recursos, inclusive os de uma Lei, a Rouanet, que serve sobretudo à cultura de mercado. Estabelecida a esquizofrenia entre ser um dos agentes reguladores de uma Lei de Mercado e uma instituição que sirva aos interesses do Estado e da sociedade, permanece a Funarte refém da primeira tarefa.Com a saída de Celso Frateschi e com a criação do novo modelo de gerenciamento anunciado pelo Ministro da Cultura espera-se que não seja perdida a perspectiva de democratização radical da instituição, que passa pelo reforço a política de editais públicos, com análise pública e por mérito dos projetos, e fiscalização eficiente, em todas as instâncias do órgão; por outro lado, espera-se que os esforços do órgão sejam mobilizados menos em direção à demanda de análise de projetos do Ministério e mais a ações efetivas de apoio e fomento à produção, à formação e à difusão da cultura no Brasil. Cuidar de dar estrutura e dinamizar a Funarte é tarefa do Ministério. No novo capítulo que se inicia espera-se, por fim, que os interesses corporativos não imperem sobre a necessidade de fazer a instituição funcionar em favor do Brasil inteiro.A Cooperativa Paulista de Teatro é um entidade fundada em 1979 e conta hoje com 4000 associados e cerca de 1000 grupos teatrais filiados.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

ATA DO DIA 20/10/08

MOVIMENTO DE TEATRO DE GRUPO - ATA DO DIA 20/10/08

Pauta feita por Luiz Calvvo (Cia. Quase Cinema)

Informes:

- Restante da verba FOMENTO / 2008

A secretaria ainda não deu a resposta final, e solicitou que fosse enviado material ("portifólio") da pessoa orçada para editar o vídeo. Foi enviado o material e permanecemos no aguardo de uma resposta para liberação da verba.
A pessoa orçada para editar o vídeo é o rapaz que realizou o curta BMW VERMELHA, pois já tem experiência em realizar filmes com baixo orçamento e de qualidade.

- A proposta levantada na reunião anterior de juntarmos o nosso seminário com o do MTR, não colou, pois o evento realizado pelo MTR já está muito cheio e seria inviável reservar um espaço as nossas propostas.
Ficou ainda a possibilidade de lançamento do livro da Iná, em uma data a definir e aproveitando os diversos grupos de todo o país que estarão por aqui.

- Ficamos sabendo que apesar de os grupos contemplados pelo ultimo FOMENTO já terem assinado o contrato no 29 de setembro, ainda não receberam nada de verba. Ficaremos aguardando até o final desta semana para nos manifestar, pois segundo relatos a Secretaria de Cultura deu prazo até dia 24.


Após uma longa e acalorada discussão sobre os porquês e como do nosso seminário, o baixo quorum em nossos encontros, bem como da viabilidade realizarmos o encontro-acampamento e diante da impossibilidade de nos juntarmos ao encontro do MTR, tomamos algumas decisões:

1- Precisamos tornar nossos encontros mais atrativos, e realizar uma ampla mobilização para que possamos ganhar força;

2- Precisamos conhecer o trabalho e a dinâmica dos grupos fomentados, esse exercício deverá ocorrer durante os encontros da Roda;

3- O trabalho de "formação" que havíamos pensado que poderia ser começado com seminário, será realizado na própria roda onde algumas pessoas serão convidadas a "TROCAR" com a Roda.

4- O processo de criação não precisa se restringir a Roda, ele pode e deve se dar pela participação em outros encontros de grupos (MTR, Fórum Economia Solidaria, etc.);

5- Iremos levantar o nome de membros de outros coletivos (CMI – Centro de Mídia Independente, Rede Rua, Movimentos de ocupação, etc.) para convidá-los a vir trocar experiências com a Roda;

6- A Idéia do encontro-acampamento vai ficar guardada para que a retomemos num momento mais propício, já que todos os participantes se sentiram bem atraídos;

7- Por fim acreditamos que com essas ações podemos criar um ambiente atrativo possível de provocar a integração de ações.
__________________________________________________________________

P.S. Lembrem-se de avisar as pessoas que haviam feito o convite para o Seminário que aconteceria nos dias 22 e 23/11, ou nos dias 24 e 25/11, que não mais acontecerá nessas datas, muito menos no formato que tínhamos pensado.
__________________________________________________________________

INFORME DO OSVALDO PINHEIRO

A Iná Camargo só poderá fazer o encontro com a RODA no dia 12/11 (Quarta-feira) às 14h.
Tudo bem?
Temos que pensar urgentemente na divulgação e no espaço.

ATA DE 13/10/08

MOVIMENTO DE TEATRO DE GRUPO - ATA DO DIA 13/10/08

Pauta feita por Egla Monteiro (Companhia de Solistas)

Sobre a ata:
Desculpem, demorei um pouquinho a enviar. Muito atribulada, mas comprometida. Leiam e vejam se seus pontos de vista foram contemplados. Fiquem à vontade para corrigir e acrescentar o que não está de acordo com suas falas ou o que estiver faltando.
Beijos,
Egla


Informe:

O Seminário que está sendo organizado pelo MTR acontecerá no período de 8 a 14 de novembro de 2008, na Galeria Olido.


Participantes da última roda:

GRAÇA CREMON
OSVALDO PINHEIRO - CIA. ESTÁVEL
EGLA MONTEIRO - COMPANHIA DE SOLISTAS
FLÁVIO RODRIGUES - CIA. DOS INVENTIVOS
LUIZ CALVO - COMPANHIA QUASE CINEMA
ANDRÉ - CIA.DOLORES
FÁBIO - A BRAVA
SIDNEY NUNES - CIA. ESTÁVEL

PAUTA:

- Análise da conjuntura
- Informes sobre os encaminhamentos
- Seminário

Análise da conjuntura(Acabou sendo a pauta única, onde a questão do seminário também foi discutida).

Graça Cremon
Considera que o seminário não é um ponto de interesse e que os temas não nos mobilizam. Questiona a sua realização já que parece que não há interesse, ao menos do jeito em que está proposto, onde só ouviremos, ouviremos e não teremos espaço para nos ouvir, ouvir os coletivos que é o que que interessa e que desde o início era a intenção do seminário.

Osvaldo
Complicado o descompromisso das pessoas com as lutas. Considera o seminário importante para a formação. Por isso considera a formação uma pauta importante para o atual momento de esvaziamento.

Graça Cremon
O seminário como formação nos atende. Mas pensa que o interessante seria os grupos dialogarem sobre seus modos de fazer para, depois disso, elaborarem um documento que possa ser resultado destas conversas e escutas.

Fábio
Renovado com um olhar afastado de quem ficou um tempo sem frequentar a Roda, acha que muitas vezes nos servimos dos movimentos sociais chamando-os para nossas lutas, mas sem ouvirmos de fato estes movimentos, sem que eles tenham participação efetiva. Acha que nós os chamamos, mas sem força para tal, já que não há de fato articulação conjunta. Eles não querem ser massa de manobra.

Graça Cremon
Pensa que temos força para chamá-los, sim. Considera que estes movimentos têm muito a nos ensinar.
Sobre o seminário, como foi organizado, acha que a ausência feminina nas mesas é uma preocupação grande.

Egla Monteiro
O mais grave acerca do seminário é que nem as pessoas que o defenderam e o quiseram neste formato estão conseguindo se empenhar para sua realização. Estão ausentes e sem o comprometimento de fazê-lo acontecer.
Não podemos propor, brigar pela realização de algo que acreditamos necessário e depois, nem mesmo nós que propomos, nos sentimos compromissados e responsáveis por sua realização. Uns idealizam e outros cumprem? Não acredito nisso. Estamos juntos ou não estamos?

Graça Cremon
Cadê a minha causa?
Nós não temos planos. Quanto queremos?
Nós estamos esvaziados. SATED é a próxima luta

Fábio
A luta está esvaziada... está acontecendo em vários lugares, mas de modo disperso. Sobre o Fomento, o que faremos agora de modo prático? Vamos buscar a grana que sobrou.

Graça Cremon
Nós não temos como pressionar a SMC se estamos desmobilizados desse jeito.
A idéia é que a cultura seja entendida como ponto estratégico.

Fábio
Teatro como necessidade. Fez referência ao Dénis Guenoum - O Teatro É Necessário? - e ao trabalho que o Fernando Kinas desenvolveu sobre o pensamento do Guenoum. Discurso diluído, mas quando a Academia divulga acaba caindo na boca dos homens (os que decidem). O seminário pode ser interessante para os grupos.

Flávio
O que é que impede o lançamento do livro da Iná?

Luiz Calvo
Nova conversa com a FUNARTE, porque o livro tem que sair. Cobrar da Cooperativa um posicionamento sobre o lançamento do livro. Paul Singer estará no Seminário de Economia Solidária, talvez não possa participar do seminário. Considera as duas ações - lançamento do livro e mesa dos grupos as prioridades. O Redemoinho também esvaziou.

Graça Cremon
A mostra vai ser descentralizada. O encontro regional vai dar um gás.

Luiz Calvo
Temos que fazer a mesa e o lançamento do livro da Iná.
Encontro Nacional da rede.

Graça
Teatro comunitário em detrimento do artístico. No Rio não é assim. Lá, o que está em debate é o artístico. Quando fomos ao debate com o Nabil, eles não conseguiram ver para além do carnaval e do São joão. O circo-teatro consegue dialogar. O teatro em São Paulo não dialoga com o público. É constrangedora a ausência do público.

Fabio
O Moreira sempre diz: quer ver esvaziar, vamos falar do público. O que estava vazio era o que era só umbigo. A Brava não está para entreter, mas divertir também é bom. O público da Brava que foi ao CCSP era o público da periferia que acompanha o trabalho dela desde antes. Mesmo sendo teatro de rua tem que ter um lugar, uma sede.

Graça
Rede nacional de teatro de rua conhece os procedimentos para ocupação de prédios públicos.

Graça
Base incontrolável.
Duvida que movimento político avance e que dê para negociar com Kassab.

André
Toda bandeira tem limitações. Só o Fomento não atrai, por isso pensa que devemos nos juntar em algo comum.

Graça

Estamos sem base, pois o teatro não mais dialoga com a população. Mas tem esperança nos grupos que ganharam à última edição... acha que dão caldo.
Vamos nos reunir em roda, em volta da fogueira e falar, falar, falar...conviver, nos conhecer...
Tem o Encontro Nacional de Teatro de Rua...

André
Do livro da Iná não abro mão...também temos que lutar pela verba que sobrou.

Graça
Temos que pensar em ações mais criativas...dar visibilidade ao teatro.

Luiz Calvo
Vamos priorizar o livro e as mesas com os grupos.


Graça
Ocupar a cidade com a questão do teatro...um parque...o Ibirapuera...cada grupo com sua bandeira, com barracas.

André
Pode espantar. Vamos retrabalhar o Seminário, vamos nos articular em nossos núcleos para divulgar a idéia de um encontro em um sítio ou chácara fora de São Paulo, em roda, com fogueira. Qual a resposta da Secretaria sobre as ações para a sobra de verba da última edição do fomento?

Fábio
Devemos entrar em contato com o MTR para dizer dessas idéias de nos juntarmos a eles e realizarmos uma mesa de encontro com os grupos e também o lançamento do livro da Iná. Como poderíamos articular com eles?

Luiz Calvo
Propor o lançamneto do livro da Iná e a mesa com os grupos no seminário deles. Dizermos que estamos juntos.

Graça Cremon
Vamos nos olhar. A gente deveria ir também para o Economia Solidária. Lançar sim o livro da Iná e mesa dos grupos junto com o MTR no seminário deles.

Egla Monteiro
A Companhia de Solistas, da qual sou integrante, se interessa muito por este diálogo intergrupos para dicutir o fazer, o pensar, os modos de fazer. Por isso a idéia da chácara me parece oportuna para resgatar um pouco do espírito poético que a gente perde aqui na cidade... um lugar que estimule a convivência...penso que pode haver outros grupos interessados...acho que não assusta, não.

André
A idéia de ir para sítio é boa, comer, dormir, criar espaço para discutir os modos de produção.

Luiz Calvo
Seria legal para não espantar ir preparando para o encontro no sítio/chácara...irmos nos aproximando.

André
Isso...fazer reverberar nos coletivos.


Obs. Nesta reunião foi formada uma comissão - Graça, Egla e Luiz Calvo - que foi até a Secretaria de Cultura cobrar resposta para as nossas ações propostas para utilização da verba que sobrou. A secretária do Rubens nos recebeu dizendo que naquela tarde eles decidiriam o que fazer.

Próximo encontro

Na segunda-feira, dia 20/10, às 14h, na Cia Estável de Teatro.

LOCAL: ARSENAL DA ESPERANÇA
Rua Dr. Almeida Lima, 900 - Mooca.
Tel: (11) 8121-0870
PRÓXIMO A ESTAÇÃO DO METRÔ BRESSER-MOOCA – ENTRE A UNIVERSIDADE ANHEMBI-MORUMBI E O MUSEU DA IMIGRAÇÃO.

P.S. Do metrô Bresser sai para o lado direito da catraca, segue reto pela Rua: Ipanema, final da rua já é o Arsenal.
No Arsenal existe um restaurante do Bom Prato, quem quiser chegar às 13h para almoçar com a galera será bem vindo, preço da comida R$ 1,00.

É muito importante que venham representantes de todos os movimentos.

sábado, 11 de outubro de 2008

ATA DO DIA 06/10/08

MOVIMENTO DE TEATRO DE GRUPO - ATA DO DIA 06/10/08

Participantes:
OSVALDO PINHEIRO (CIA. ESTÁVEL)
EGLA MONTEIRO (COMPANHIA DE SOLISTAS)
BARTIRA MARTINS (BUSCACENICA TEATRO DE COMPANHIA)
SIDNEY NUNES (CIA. ESTÁVEL)
FLÁVIO RODRIGUES (CIA. DOS INVENTIVOS)
MARCOS DI FERREIRA (CIA. DOS INVENTIVOS)
AYSHA NASCIMENTO (CIA. DOS INVENTIVOS)
REINALDO TAUNAY (CIA. TRIPTAL)
PEDRO COSMOS (COMPANHIA CRISTAL)
GRAÇA CREMON
NEY PIACENTINI (COOPERATIVA PAULISTA DE TEATRO)
RENATA ADRIANNA (CIA. ANTROPOFÁGICA)
NOEMIA (COMO LÁ EM CASA – MTR/SP)

PAUTA:

- Outras sugestões para a data do seminário.
- Carta-resposta para a Secretaria sobre as ações da sobra de verba da última edição do fomento.

- Seminário

- BLOG da RODA


SEMINÁRIO

Discussão para alteração da data do seminário.

Incomodo na data do seminário, a maioria acha que seria melhor realizarmos durante a semana, portanto pedimos a todos que ficaram de sugerir a data do dia 22 (sáb.) e 23 (Dom.) manhã e tarde aos parceiros convidados, refazer o contato e também sugerir os dias 24 (Seg.) e 25 (Ter.), tarde e noite, e assim que a verba estiver disponível fecharmos a data.

*Se for dia 22 e 23 faremos das 10:00hs as 13:00hs e 14:00hs às 17:00hs
*Se for dia 24 e 25 faremos das 15:00hs as 18:00hs e 19:00hs às 22:00hs

A Noemia veio com uma posição do Movimento de Teatro de Rua de que eles não participariam dessas ações por conta de outros compromissos que o MTR está envolvido, mas considera o fato da questão política da liberação ou não da verba muito séria, portanto, querem participar da construção do seminário e em todos os encontros mandarão pelo menos um representante.

Elaboramos uma carta-resposta para a Secretaria sobre as ações da sobra de verba da última edição do fomento e estamos aguardando resposta pelo e-mail:


CALVO

- Consultar novamente o Kil Abreu, se o seminário acontecer nos dias 24 e 25/11 ele pode participar.

TODOS – Aguardmos resposta dos contatos que ficaram de consultar.


MODOS DE PRODUÇÃO E O IMPACTO DA LEI DE FOMENTO NOS GRUPOS
PANORAMA DO TEATRO BRASILEIRO
KIL ABREU (CONTATO CALVO)
VALMIR SANTOS (CONTATO MARÍLIA)

Grupos:

Engenho Teatral (CONTATO MARÍLIA)
Cia. Estável de Teatro (CONTATO OSVALDO) OK
Cia. Brava (CONTATO RENATA-BRAVA)
MiniCia (CONTATO OSVALDO) OK
Tapa (CONTATO REINALDO)
Latão

* Panorama do Teatro Paulistano
INÁ CAMARGO (CONTATO MARÍLIA)

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO

RICARDO ANTUNES (CONTATO – MARÍLIA PODE VERIFICAR?)
PAUL SINGER (CONTATO COOPERATIVA / CALVO)
FÁBIO SANCHES
MARIA CECÍLIA PEREIRA
GILMAR MAURO (MST) (CONTATO ANDRÉ-DOLORES)
RAFAEL VILLAS BOAS (MST) (CONTATO ANDRÉ-DOLORES)
PAULO ARANTES

CULTURA E ESTADO

Mediador: KIL ABREU OU VALMIR SANTOS

CHICO OLIVEIRA (CONTATO RENATA-ANTROPOFAGICA) - Viajou
TEIXEIRA COELHO
SERGIO DE CARVALHO (CIA. DO LATÃO)
LUIZ CARLOS MOREIRA (ENGENHO TEATRAL) (CONTATO MARÍLIA)
S. MILARÉ

Próximo encontro do Movimento de Teatro de Grupo:
Segunda, dia 13 de outubro, às 11h – no Espaço da Cia. Pavanelli

Rua: Ana Cintra, 202 – Sobreloja – às 11h.
Metrô Santa Cecília

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

AUGUSTO BOAL - LEI ROUANET

A dramaturgia brasileira, do teatro profissional, é determinada pelas companhias, pelas empresas. Quando entrou em vigor a Lei Rouanet, eu falei: " Olha essa lei do jeito que está vai ser o assassinato da função do diretor artístico. O diretor artístico passa a ser a empresa. Quer dizer, você imagina uma peça em que vai falar sobre a fome, ai vai pedir apoio a uma fábrica de massas italianas. Ou então uma peça em que as pessoas andem em trapos e voce vai pedir apoio a uma companhia de tecidos. Quem é que vai apoiar? Acho que a lei tem que ser abolida pura e simplesmente. E podíamos esquecer que alguma vez existiu essa monstruosidade no Brasil."

COMO SUBSTITUIR A LEI ROUANET?

"Eu olho o passado para, no presente, inventar o futuro. Quando a gente fazia teatro em São Paulo, havia o que se chamava de comissões estaduais. Cada arte tinha sua comissão estadual, que era formada por um terço de pessoas da área. No caso do teatro, tinha gente da SBAT, os atores, organizações da área. Outro terço era de jornalistas, críticos de teatro ou não, os notáveis. O terceiro terço era nomeado pelo governo. Essas reuniões eram públicas. As pessoas iam lá para defender seus projetos. Votava-se o projeto e sabia-se quem estava votando em quê. Havia uma certa democracia. Acho que esse sistema tem que voltar e entrar em vigor."

Publicação Revista de Teatro - SBAT - set/out n.520

ATA DO DIA 29/09/08

MOVIMENTO DE TEATRO DE GRUPO - ATA DO DIA 29/09/08


Participantes:
MARÍLIA CARBONARI (FÁBRICA)
OSVALDO PINHEIRO (CIA. ESTÁVEL)
LEANDRO LAGO (NÚCLEO 184)
MARCOS FERREIRA (CIA.INVENTIVOS)
AYSHA NASCIMENTO (CIA. INVENTIVOS)
SIDNEY NUNES (Cia. Estável)
REINALDO TAUNAY (TRIPTAL)
GRAÇA CREMON
MARIANA SENNE (CIA. SÃO JORGE)
ANDRÉ HENRIQUES (DOLORES BOCA ABERTA)
RENATA LEMES (CIA. DO MIOLO)
NEY PIACENTINI (COOPERATIVA PAULISTA DE TEATRO)
LUIZ CALVO (CIA. QUASE CINEMA)
RENATA ADRIANNA (CIA. ANTROPOFÁGICA)
EDUARDO ROSA (CIA. ANTROPOFÁGICA)
RAFAEL GRACIOLA (CIA. ANTROPOFÁGICA)

PAUTA:
- Balanço do encontro com a Comissão
- Balanço dos encontros
- Seminário
BALANÇO - ENCONTRO COM A COMISSÃO DA ÚLTIMA EDIÇÃO DO FOMENTO

CONSIDERAÇÕES:

Marília (Fábrica):

- O encontro como sempre foi muito pessoal e pouco abrangente.

Graça Cremon:

- O nível desses encontros continua muito baixos, a discussão ainda continua com questionamentos sobre: o porque não ganhei? Entre outras coisas, apesar do parecer por escrito. Continua-se cada um olhando para o seu próprio umbigo.

Leandro (Núcleo 184):

- Acho que a gente tem que continuar nossa briga pela ampliação de verbas, essa fase de olhar pro umbigo e voltar as mesmas discussões já passou!

Sidney Nunes:

- O desinteresse passa pela falta de avanço nas propostas que são tiradas nas reuniões da roda, num primeiro momento tiramos a bandeira de aumento da verba para o Fomento e o aumento do número de grupos fomentados, não avançamos; no minuto seguinte a proposta do seminário, em outro a proposta de intergrupos. Acho que a falta de politização não leva a esse avanço, o seminário, sim, talvez seja uma forma de tentar resolver isso e continuar dando continuidade nessa formação.

Renata (Cia. do Miolo):

- Além do fato de existirem várias reuniões dos outros movimentos e lá também ocorrem esse esvaziamento; o que se percebia até então é que a Roda não se constituía enquanto movimento e sim um espaço para discussão, é constatado que a Roda é de fato um terceiro movimento e o que passa pela cabeça das pessoas quando discuto é que a Roda é composta só de grupos que ganham o fomento e quando fomentados esvaziam as reuniões, e que a roda está ficando institucionalizada.

Graça Cremon:

- Na Roda se entra e sai quando quer, se expõem opiniões e se faz reflexões, nada é exigido de ninguém e muitas pessoas não compreendem esse formato que a roda tem; não concordo com essa fala de que a roda está institucionalizada.

Marília (Fábrica):

- Há um tremendo de um equívoco em se falar isso, não acho legal; temos divergências políticas profundas aqui, mas mesmo assim estamos aqui debatendo e refletindo; meu grupo foi fomentado no início do ano e continuo aqui batalhando, discutindo para o avanço da categoria, assim como o osvaldinho da Cia. Estável que está fomentada e está sempre nas reuniões da roda, acho que esse seminário é importante prá tudo isso, politização, debate, etc.

Obs: "As instituições se fazem com grupos, interesses comuns (identidade), com regulamentos, cargos, punições, promoções, visando seu interesse único para combater seus inimigos. A roda é um grupo com identidade, sem regulamentos, sem cargos, não há juízo de valores, e briga pelos interesses de uma categoria e não de própria; por isso passa bem longe de ser instituição. Talvez seja incompreensível para aqueles que só conhecem a lógica formal entender esse formato de agrupamento."
SIDNEY NUNES



SEMINÁRIO

* Ficou confirmada a participação da Iná no seminário dia 22 para a parte da tarde; ela só poderia vir a partir das 16:00 hs. Pelo fato de grande parte das Cias. estarem em trabalho a partir deste horário, a Marília ficou de entrar em contato com ela e antecipar para as 14:00 hs.

*O seminário começaria dia 22 das 10:00hs as 13:00hs

1- MODOS DE PRODUÇÃO E O IMPACTO DA LEI DE FOMENTO NOS GRUPOS

PANORAMA DO TEATRO BRASILEIRO

1@ MESA Mediador: KIL ABREU OU VALMIR SANTOS

- Mesa composta por representantes dos grupos fomentados e não fomentados.
- Foi tirado que os grupos seriam escolhidos entre os contemplados 5 vezes, 3 vezes, 1 vez e um grupo não fomentado mas que havia enviado projeto em todas as edições.

Grupos: Engenho Teatral
Cia. Estável de Teatro
Cia. Brava
MiniCia
Tapa
Latão

2- Das 13:00hs as 14:00hs Almoço

3- Das 14:00hs as 17:00hs

2@ MESA

* Panorama do Teatro Paulistano INÁ CAMARGO

Obs: Esses horários foram definidos em função de que a maioria das Cias. estão em trabalho nesses dias.

Dia 23/11/08 das 10:00hs as13:00hs

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO

1@ MESA

Convidados sugeridos à confirmar:

RICARDO ANTUNES
PAUL SINGER
FÁBIO SANCHES
MARIA CECÍLIA PEREIRA
GILMAR MAURO (MST)
RAFAEL VILLAS BOAS (MST)
PAULO ARANTES

CULTURA E ESTADO

2@ MESA Das 14:00hs as 17:00hs Nomes sugeridos:

Mediador: KIL ABREU OU VALMIR SANTOS

CHICO OLIVEIRA
TEIXEIRA COELHO
SERGIO DE CARVALHO (CIA. DO LATÃO)
LUIZ CARLOS MOREIRA (ENGENHO TEATRAL)
S. MILARÉ

Próximo encontro do Movimento de Teatro de Grupo: Segunda, dia 06 de Outubro, às 14h - na Cooperativa Paulista de Teatro.