sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ata da reunião do M27M e Roda do fomento, de 20/08/2009

Reuniram-se no teatro coletivo, às 19h30 para discussão da seguinte pauta:

1- Informe financeiro
2- Balanço do ato unificado de 14/08 na Avenida Paulista
3- Balanço da manifestação de 18/08 sobre o Fomento
4- Informe sobre a reunião do Moreira e Pedro Pires com o Ministro da Cultura
5- Discussão sobre os textos selecionados (“Por uma arte revolucionária independente” e “Direito à literatura”)


1.Devido à chuva, o início da reunião deu-se por volta das 20h15, para que desse tempo que outras pessoas chegassem. A Ludmilla, que daria o informe financeiro, não compareceu, de modo que este ponto foi adiado para a próxima reunião.
2.Tertulina avaliou como positiva a participação do movimento no ato unificado, uma vez que faltou organização e compareceram apenas 07 pessoas. Marília chamou a atenção para que não combinemos uma coisa e façamos outra, pois se existe uma fala do movimento de estar próximo aos movimentos da classe trabalhadora, não existiu neste caso o comparecimento. É preciso estar junto presencialmente, como movimento. Ou então reavaliar. Mas sobretudo construir um discurso político atrelado a ações políticas condizentes.
3.Oswaldo relatou a manifestação pelo fomento no dia 18/08 na praça do Patriarca em frente à prefeitura. Maria do Rosário confirmou que o líder do governo na Câmara, José Police Neto, equivocou-se em relação ao contingenciamento de verba do Fomento ao Teatro. Contudo, decidiu-se manter o encontro, fazendo uma assembléia pública na Praça. Após a concentração, cerca de 50 pessoas foram para a porta da prefeitura, fazendo pressão para que fossem recebidas, a fim de receber explicações a respeito das informações incompatíveis que, semana a semana, nos tem sido passadas. Fomos informados que não havia ninguém que nos pudesse receber, nos sendo sugerido ir para outro lugar, como a secretaria de cultura ou de finanças. Após nova deliberação, permanecemos no local, entendendo que o poder executivo, através do prefeito e seus assessores, deveriam prestar contas de tal inconsistência de informações. O espaço em que estávamos foi fechado com barricadas de ferro, e nos foi informado que poderíamos continuar a manifestação fora daquele espaço (?), e que se continuássemos ali estaríamos “fora da lei”, o que deu a entender uma possibilidade de represália. Permanecemos ainda assim até que o Thiago e a Roberta protocolaram uma cópia da carta do vereador, com uma anotação que solicitava esclarecimentos. Terminamos o ato, aguardando um posicionamento. Até esta quinta-feira, 20/08, o Oswaldo tentou falar algumas vezes com os assessores. Uma nova cópia da carta foi entregue, ao que foi respondido que já está com um assessor do prefeito e que devemos ligar dentro de alguns dias para saber a resposta. Marília falou que a Assembléia foi realizada pelo fato da Prefeitura estar contingenciando dinheiro em diversas áreas, e de que o movimento não deve aceitar que paguemos pela crise, uma vez que as ações governamentais se pautam na lei de responsabilidade fiscal, que trata toda a instância pública pelo viés empresarial, e não do bem estar populacional. Houve um informe de que o prefeito está cortando verbas da limpeza pública pra investir mais em propaganda. O ato não foi pelo descontingenciamento, mas pela construção do movimento. Moreira discordou de Marília, entendendo que a manifestação foi imatura e impensada, afirmando que mobilização é ponto de chegada, não de partida. Mário apresenta um contraponto de que os presentes na manifestação viram o poder da mobilização, e de como estas questões são dinâmicas e que não podemos nos deter em reflexões engessadas esperando sempre para agir.
4.Em sua primeira fala Moreira propôs uma pauta de discussão: Trabalhador. Que bicho é esse? Trabalhador de arte. Que bicho é esse? Que Grupo? Ocupar a Funarte ou a Record? À sua proposta foi colocado que já havia uma pauta para a reunião, a qual estava sendo enviada semanalmente por e-mail. Foi solicitado então que Moreira desse um informe sobre a reunião que ele e o Pedro Pires tiveram no dia anterior (19/08) com o Ministro Juca Ferreira.
a.Moreira e Pedro foram chamados para a reunião com o Ministro, na qual este confirmou que acataria as propostas do M27M, ao passo que solicitava apoio do movimento para aprovação da nova lei.
b. Márcio disse que já sabíamos da posição favorável, e que já estávamos pensando o que faríamos quando fôssemos chamados, e que defendia que não apoiássemos. Com relação à comissão de que Moreira e Pedro faziam parte, esta já tinha sido destituída por não representar o movimento, uma vez que seus integrantes não participavam há muito dos encontros e discussões.
c. Marília falou do grande mal-estar que se instaurou por Moreira e Pires irem como representantes à reunião sem sequer consultar o movimento do qual estão afastados há meses. No caso de Pires, o mal-estar é ainda maior, uma vez que este se retirou do movimento na época da ocupação da Funarte por não concordar; volta logo depois, integrando inclusive a comissão que levou as reivindicações do M27M para o governo. Por não freqüentar os encontros e não participar das discussões, os 2 não estavam a par do atual estágio do movimento, que decidiu recuar muitos passos atrás para discutir uma série de questões de base antes de fechar um posicionamento. Assim sendo, Marília propõe que Moreira e Pedro se retratem por representar o movimento sem a deliberação deste.
d. Moreira entendeu que não havia porque retratar-se, uma vez que foi lá para ouvir apenas, não para propor ou pactuar. Falou que temos que ver qual é nossa luta. O que precisamos é de recurso para trabalhar. Quero dinheiro para organizar a gente de uma certa forma. Há 4 anos atrás paramos de avançar (os grupos) pois somos muito conservadores. Os grupos não conseguiram dizer a que vieram. Não lutamos por políticas públicas (que é o nosso discurso) mas por sobrevivência. Não somos trabalhadores comuns, não geramos mais-valia. Não geramos produto, mas ideologia. A idéia do fomento era estruturar minimamente a produção. Até 2005, a questão político-ideológica era discutida. A partir de 2006, estagnamos. Política pública nete momento é conseguir dinheiro para se organizar num certo sentido.
e. Marcio comentou uma reunião em que o Marco Antonio Rodrigues “batia” no M27M e o Pedro Pires concordava. No seu ponto de vista, esta é uma comissão chapa branca, pragmática e corporativa.
f. Marília entende que o Moreira não agiu de má fé, mas que mesmo para ir só como ouvinte era preciso ter consultado o movimento, estar presente. A comissão retirada pela CPT foi o contrário dos movimentos M27M e Roda do Fomento, instituída em condições extremamente questionáveis. As críticas contra o M27M de partidarismo não se fundaram, ainda que proporcionaram discussões como as atuais.
g. Moreira relata que a comissão surge numa reunião da Roda na Antropofágica. Marcão argumentou que o M27M estava muito pulverizado, e que era hora de fazer uma plenária de unificação dos movimentos.
h. Marcio argumenta que de cada membro da comissão ele houve discursos e justificativas diferentes, ao que Moreira admite que não há entendimento entre estes comissionados.
i. Graça lembrou que a chamada para esta plenária pautava sobre prestação de contas, de modo que a comissão foi desavisadamente instituída.

5. a. Graça: Não é qualquer tipo de arte. Só faz sentido pegar o dinheiro público se for para intervir no meu entorno. Que tipo de arte queremos? Nos enxergamos nesta cidade?
b. Marília: o posicionamento dos artistas enquanto pessoas políticas, a arte que rompe com a cultura é potencialmente revolucionária; pontos para pensar: a mercadorização da arte e a arte em relação à comunicação de massa. O fascismo se tornou em algo mais profundo, arraigado n percepção e atitude das pessoas.
c. Quanto o anti-herói continua enfatizando o herói?
d. enquanto classe artística nunca vamos conseguir revolucionar os modos da arte. A questão do público passa por este pensamento, no sentido de por o público em movimento para a transformação.
e. Moreira: estamos condenados a fazer experiências na contra-mão. Outra arte só em outra sociedade. Embate dos construtivistas com realistas na Rússia. Cuidado para não nos isentarmos como sujeitos históricos e trabalhadores. O objeto artístico se define na relação.
f. Graça: Dentro do capitalismo existem as ilhas (ONGs por exemplo) que podem dar início ao novo.
g. Mario: A necessidade e preparar de antemão neste sistema para a libertação. A arte não revoluciona. Sensibiliza os sujeitos (históricos). Contribui para a percepção desses nichos que tem o caráter emancipatório. Como a nossa arte pode contribuir para esta transformação, sem cair no velho? A arte que se engessa, mesmo em moldes revolucionários pode se revelar mais conservadora que uma que não se auto-denomina revolucionária, mas que se mantém atenta ao seu entorno/realidade.
h. Marcio: Estar preparado para uma nova forma de arte. Mas quando chega o momento os eventos contribuem para a ruptura e emergência de uma nova sociedade (?)
i. Thiago: Citação proposital de Marx no Manifesto, a respeito do escritor em paralelo à questão das políticas públicas.
j. Não vamos discutir o objeto artístico, que pode ser reefinido pelos modos de produção. Nosso espírito de ver: Quando a revolução vier, revolucionar a revolução revolucionada. Exercer a liberdade na arte o quanto possível. Concordância com Iná que o fomento foi um avanço que parou ali. Nosso final não é uma lei. Nosso final é a revolução.
k. Mário: Experimentação não estendida a todos (Anton Weber) dodecafonismo. Crítica do Adorno à Brecht: texto contestador encenado para a burguesia, como pregação para convertidos. Estamos levando esta mensagem para o público que se alimenta dela? Ou para aqueles que compram um discurso como mais um acessório? Se é assim, deixamos de dialogar para idelaizar.
l. Moreira: Entendemos arte como um conceito do iluminismo. Arte já virou mercadoria há muito tempo.

6. Proposta da Marília de produzirmos textos pessoas sobre as discussões, para começarmos a pensar no manifesto do movimento.

7.Próxima reunião: 27/08/2009 (cinco meses de movimento!) às 20h00 no Teatro Coletivo. Encontro com a Iná para continuar a discussão com base no texto “Introdução à literatura brasileira” do Antônio Cândido.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá,
Divulgamos no Personagem Digital o Encontro de Mobilização Permanente pela Cultura 11/07, confiram em:

http://perdigital.wordpress.com/2011/07/07/encontro-de-mobilizacao-permanente-pela-cultura/

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Abraços,

Equipe Instituto Crescer

http://www.institutocrescer.org.br/