terça-feira, 28 de outubro de 2008

TEXTO DO NEI PIACENTINI

27/10/2008 - 16:46 Correio Braziliense publica manifestação da COOPT Correio Braziliense publica manifestação da COOPT em favor de uma gestão Democrática na Funarte.
O jornal Correio Braziliense publicou na segunda-feira, 27/10 (página 19, Opinião), a manifestação da Cooperativa Paulista de Teatro em favor de uma gestão democrática na Funarte. O texto Radicalizar a democracia na Funarte recebeu, no periódico, o título de A Funarte do futuro. Leia o artigo:O recente pedido de demissão do Presidente da Funarte, Celso Frateschi, é fato preocupante. Para além das acusações de autoritarismo no comando do órgão – que não batem com a biografia do gestor – está em pauta um ponto de vista e um projeto de gerenciamento da política cultural, que, ao que parece, saiu arranhado, e com aval do Ministro da Cultura.Está a favor do ex-presidente uma história de gestões, em São Paulo e, antes, em Santo André, que provavelmente o credenciaram ao cargo. Foram gestões marcadas pela criação e incentivo a programas importantes para as cidades, e que têm desdobramentos na vida de artistas e cidadãos ainda hoje. Tanto a experiência de Santo André quanto a de São Paulo foram pautadas por um acento forte na descentralização das ações culturais, pela preocupação marcada com a inclusão no processo cultural de faixas antes alijadas dele e pela criação de canais de discussão a respeito da ação pública.É indicativa também de uma visão democrática sobre o processo cultural o amparo irrestrito à Lei de Fomento ao teatro, vinda diretamente do pensamento e do esforço dos artistas, e que na gestão de Frateschi, em que pese os entraves burocráticos e o problema dos recursos, vicejou, ganhou força e se instituiu como paradigma alternativo ao modo de incentivo dominante. Nestes mesmos anos, a Secretaria de Cultura de São Paulo fez funcionar, não sem o conflito inerente à prática da discussão aberta e radicalmente democrática, o Conselho Municipal de Cultura – um espaço de discussão e acompanhamento das ações do órgão que seria evitado pela maioria dos gestores, pelo fato de funcionar antes de tudo como um gerador de demandas, mas que na gestão de Frateschi se fortaleceu e foi instrumento importante para o desenho da política pública.Paradoxalmente ao que se poderia esperar, na prática parece que foram estas características, de um projeto político e cultural diferente do que a Funarte vinha praticando até então, que motivaram a queda do então presidente. Com a saída de Frateschi permanecem, então, as tarefas de sempre, que a Funarte, como órgão de cujas ações deve se esperar um alcance nacional, não tem cumprido.Trata-se de um órgão umbilicalmente ligado ao Rio de Janeiro e aos seus agentes culturais, que não encontra identidade como órgão dentro do Ministério e que apenas simula um olhar, quase sempre pobre em interesse e sem propósitos a oferecer ao país como um todo. Trata-se de um órgão que não consegue institucionalizar com firmeza e autonomia seus próprios programas na forma de uma política de Estado verdadeira, e que permanece em dependência crônica de recursos, inclusive os de uma Lei, a Rouanet, que serve sobretudo à cultura de mercado. Estabelecida a esquizofrenia entre ser um dos agentes reguladores de uma Lei de Mercado e uma instituição que sirva aos interesses do Estado e da sociedade, permanece a Funarte refém da primeira tarefa.Com a saída de Celso Frateschi e com a criação do novo modelo de gerenciamento anunciado pelo Ministro da Cultura espera-se que não seja perdida a perspectiva de democratização radical da instituição, que passa pelo reforço a política de editais públicos, com análise pública e por mérito dos projetos, e fiscalização eficiente, em todas as instâncias do órgão; por outro lado, espera-se que os esforços do órgão sejam mobilizados menos em direção à demanda de análise de projetos do Ministério e mais a ações efetivas de apoio e fomento à produção, à formação e à difusão da cultura no Brasil. Cuidar de dar estrutura e dinamizar a Funarte é tarefa do Ministério. No novo capítulo que se inicia espera-se, por fim, que os interesses corporativos não imperem sobre a necessidade de fazer a instituição funcionar em favor do Brasil inteiro.A Cooperativa Paulista de Teatro é um entidade fundada em 1979 e conta hoje com 4000 associados e cerca de 1000 grupos teatrais filiados.

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