Histórico
Projeto coletivo, criado em 1998, com integrantes da Escola de Arte Dramática e da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - EAD/ECA/USP. O grupo visa estabelecer, por meio de investigações permanentes, um processo de lapidação da cena bruta, se utilizando de artifícios e procedimentos simples e artesanais. A base estética da companhia se apóia manifestações ritualísticas de canto e dança, mantendo como referência paralela as religiões afro-brasileiras. A dramaturgia tem como tema principal a discussão de questões éticas inerentes à diversidade e os paradoxos da cultura brasileira, desde sua formação, da colonização à contemporaneidade.
Estréiam com o espetáculo Pedro o Cru, em 1998, uma montagem amadora do poema dramático do escritor português António Patrício, cuja a intenção é refletir sobre a herança do romantismo e da melancolia lusitanos. No espetáculo Um Credor da Fazenda Nacional, 1999, resgatam a obra do autor José Joaquim de Campos Leão Qorpo-Santo.
No comentário sobre os destaques da edição de 2000, na mostra paralela do Festival de Curitiba, o crítico Nelson de Sá escreve: "De São Paulo, a surpresa foi Um Credor da Fazenda Nacional, de Qorpo-Santo, autor brasileiro que provavelmente jamais seria apresentado na mostra oficial e que recebeu de Georgette Fadel uma encenação à altura de seu desvario".1
A partir de 2001, o grupo reforça seu vínculo com a cidade, ocupando por dois anos o Teatro de Arena, local em que, em parceria com o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, o Grupo Teatral Isla Madrasta e a Companhia Bonecos Urbanos, desenvolve o projeto Harmonia na Diversidade. Nesse ano, encena Biedermann e Os Incendiários, de Max Frisch. A peça, segundo a concepção dos criadores, nos leva a refletir sobre como os mecanismos de alienação minam a capacidade de mudança dos homens.
O grupo se preocupa com a função social da arte e suas possibilidades, e se envolve com iniciativas públicas para pessoas em situação de rua, como a Oficina Boracea e o Albergue Canindé, entre 2002 e 2004. Nesse contexto, nasce As Bastianas, a partir da coletânea de contos de Gero Camilo, sob direção de Luís Mármora. São histórias do cotidiano de mulheres de uma aldeia no sertão nordestino, impregnadas de religiosidade e que falam da criação, da luta pela terra e da vontade humana de amor, sabedoria e sossego.
A companhia é contemplada pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro, em 2002, e produz, desde 2003, o fanzine, São Jorges - canal de interlocução de uma geração que deve ser estimulada a contracenar com a cidade de outra maneira.
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