O Grupo, O Projeto
Desde 1993 o Engenho abandonou o circuito tradicional do teatro em São Paulo e passou a trabalhar na periferia da cidade, junto a uma população tradicionalmente excluída. Para isso, construiu um teatro móvel com equipamentos e condições para o exercício profissional; recebe o público em geral e escolas públicas, igrejas, organizações locais; não cobra ingressos e evita uma relação comercial direta com seus espectadores; realiza mostras de arte com a população local.
Essa prática chamada Engenho Teatral, com mais de 175 mil espectadores, 750 entidades atendidas, 8 mostras de arte com moradores das zonas leste, oeste, norte e sul é a base para a criação dos espetáculos:
– O que procuramos é uma linguagem que trabalhe os conteúdos ligados a essa realidade e experiência. Mas somos um grupo profissional com formação universitária que não pretende retratar ou fazer a crônica da periferia nem ser porta-voz dessa realidade. Fazemos teatro, espetáculos. Agora mesmo, aqui no Tatuapé, temos basicamente moradores de classe média. O que a realidade desse mundo, portanto de incluídos na produção e no consumo, tem a ver com a população de São Miguel, Cidade Tiradentes ou das bordas de São Mateus, que também traremos ao teatro? Periferia, como o próprio nome diz, só pode ser periferia de algum centro e só se define nessa relação. O que Guaianazes tem a ver com a globalização e os marginais e marginalizados com a gente? Isso nos interessa: teatralizar essas questões que nos inclui a todos e não apenas como relações socais, culturais, sentimentais, mas a partir da base material, econômica e de seu discurso ideológico que tudo encobre e esconde – explica Luiz Carlos Moreira, diretor do grupo.
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